quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Foco na clamídia

Uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes do planeta — que dá o bote na fertilidade de homens e mulheres — vai ter que se haver com um inimigo de peso. Um exame desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco promete fl agrar com mais agilidade o problema

por Simone Ota e Shâmia Salem

Acabar com a clamídia é moleza. Difícil é que a bactéria Chlamydia trachomatis, causadora desse mal, se adapta ao nosso organismo e se multiplica na surdina, sem dar o menor sinal de vida — só para você ter uma ideia, 70% das mulheres e 40% dos homens contaminados nem sonham que têm a doença. Daí a dificuldade de rastreá-la.

Para resolver o imbróglio e desmascarar de vez a danada — pelo menos na parte que compete ao lado feminino —, pesquisadores do Laboratório de Imunopatologia Keizo- Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), incluíram um recurso de ponta chamado primer em um dos exames anteriormente disponíveis. Com isso, deram um salto de precisão no resultado.

É que o tal recurso tem o objetivo de apontar pedaços do DNA da bactéria encontrada na secreção vaginal. E mais: esperto, ele deduz qual seria a sequência de DNA completa da clamídia e indica qual parte deve ser copiada e replicada — tudo a fim de produzir material genético em quantidade e qualidade suficientes para ser analisado. O superavanço fez da pesquisa uma das finalistas do 3o Prêmio SAÚDE!, realizado no final do ano passado.

Antes, os pedaços de DNA deixavam dúvida se havia ou não uma infecção. “Adicionamos o primer ao exame habitualmente usado para identificar a clamídia, o PCR em tempo real, com o objetivo de aumentar a sensibilidade e chegar a um acerto de aproximadamente 100% nos diagnósticos”, conta o farmacêutico biotecnólogo Paulo Roberto Eleutério de Souza, coordenador da pesquisa realizada pela farmacêutica bioquímica Ana Catarina Simonetti.

Outra vantagem é que o resultado sai entre duas e três horas, permitindo que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível. “Parece exagero, mas é muito válido porque qualquer micro-organismo numa temperatura de 37 ºC, como é a do corpo humano, se multiplica a cada 20 minutos”, lembra o biomédico José Humberto de Lima Melo, também do Lika.

Existem três grupos ou variedades de Chlamydia trachomatis — cada um deles acarreta um tipo de prejuízo ao organismo se o tratamento não acontecer a tempo. As do grupo A, B, Ba e C são culpadas por uma espécie de conjuntivite que pode levar à cegueira. Já a turma formada pelas bactérias L1, L2, L2a, L2b e L3 levam a uma infecção chamada linfogranuloma venéreo, que pode evoluir para úlcera e edema dos órgãos genitais. “Por fim, as clamídias do tipo D a K provocam inflamações ou infecções genitais”, completa o médico Jorge Luiz Mello Sampaio, assessor em microbiologia do Fleury Medicina e Saúde, em São Paulo.

Esse último grupo é justamente o mais agressivo. Entre as mulheres, por exemplo, as inflamações provocadas pelas bactérias D ou K obstruem as trompas, levando a casos de gravidez tubária ou à infertilidade — irreversível, é bom deixar claro. Para que nada disso aconteça, vale saber: “No grupo de risco estão homens e mulheres que têm muitos parceiros e não usam camisinha, que é a única forma de prevenção”, diz a ginecologista Emília Jalil, assessora técnica do Programa Nacional de DST e Aids, doMinistério da Saúde.

A ginecologista Micheline Oliveira, gerente do Laboratório da Mulher, do Laboratório Central de Pernambuco (Lacen), escancara outra razão para pessoas com vida sexual ativa procurarem um especialista e saírem da mira da clamídia. “Evidências apontam que ela facilita a progressão do câncer de colo de útero devido aos danos provocados nas células desse órgão”, afirma.

O lado bom dessa checagem é que o tratamento é simples, feito apenas com antibiótico oral. “Normalmente, são prescritos azitromicina ou doxiciclina. O primeiro é indicado para infecção recente, que ocorreu há menos de um ano. A pessoa engole uma dose única, que deve ser repetida uma semana depois”, explica o ginecologista Márcio Coslovsky, diretor da clínica Huntington Medicina Reprodutiva, no Rio de Janeiro, e membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. “Já o segundo remédio é utilizado por um período de dez a 14 dias para tratar a infecção crônica”, diz. Independentemente do caso, é essencial que o parceiro também seja tratado pelo mesmo tempo e com o mesmo remédio. Casal que cuida da saúde unido...

4 em cada 10 homens com a bactéria Chlamydia trachomatis nem desconfiam que estão infectados por não apresentarem sintomas como ardor ao urinar, secreção peniana ou dor na relação sexual

7 em cada 10 mulheres com clamídia só descobrem que sofrem da doença quando se deparam com infertilidade, aborto espontâneo, parto prematuro ou ao dar à luz um bebê com conjuntivite

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